HISTORIAS

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Com mulher nem o diabo pode!




Bernado sempre dizia: com mulher nem o diabo pode.
E falando no bicho, no coisa ruim ou seja lá que nome o deem é que ele contava este causo. Dizia que era verdadeiro acontecido mesmo, lá pelas bandas do compadre Bastião.

"Uma vez havia um casal com muitos filhos. O marido tudo fazia para tratar de seus filhos da melhor forma possível, mas aquele ano tudo tava dando para trás, a roça não dera nada, pois antes da colheita veio a enchente e tudo levou. Os porcos e as galinhas ficaram doentes e morriam sem que se pudesse fazer nada. A situação estava desesperadora e foi aí que o sujo, o diabo resolveu enrolar o rabo e tentar puxar para ele aquele pobre e desesperado homem.
Apareceu numa noite escura e sem sequer uma estrela no céu, ao pobre homem que sem conseguir dormir resolvera sair e tomar um ar lá fora.  Foi educado, se apresentou bem arrumado e num cavalo que dava inveja a qualquer mortal. É lógico que se ele apresentasse de chifres e rabo, não ia convencer ninguém, por isso disfarçava bem seu cheiro de enxofre e sua aparência.
- Boa noite! disse o diabo.
O pobre homem estranhou ver aquele homem ali e tão tarde da noite.
- Boa noite! respondeu.
O diabo se apressando em puxar conversa disse:
-Estou aqui porque sei que está passando dificuldade e vim para te ajudar.Vou te fazer uma proposta muito simples:
- Farei com que suas necessidades sejam satisfeitas, não te faltará nada, nem para você e nem para sua família daqui por diante.
O pobre homem ouvia, sem entender como aquele homem que aparecera do nada, sabia tanta coisa de sua vida. E o homem continuou:
- Terás tudo e só vou te cobrar a dívida daqui a muitos anos, quando for a hora virei para acertarmos as contas.
O pobre e desesperado homem, viu ali a solução para seus problemas imediato e aceitou a ajuda .
Voltou para casa e logo adormeceu.
Na manhã seguinte quando levantou-se já tinha até esquecido o que acontecera à noite. Pensou que tudo não passou de um sonho, mas ao chegar na cozinha viu com espanto que sua mulher preparava uma deliciosa broa de milho verde. Quis saber onde ela conseguira o milho, já que a enchente tinha levado toda a plantação daquele ano. A mulher disse que acontecera um milagre, que a roça tinha arribado e os pés de milho e feijão tava uma lindeza só. No chiqueiro os porcos também estavam bem e as galinhas botaram até ovos naquela manhã.
O pobre homem lembrou-se de seu acordo com o misterioso viajante que passara ali naquela noite. Saiu pensativo e viu que tudo tinha mudado: as plantações, os porcos e galinhas estavam produzindo como nunca vira nada igual antes. Assim o tempo foi passando e ele prosperou muito, tudo dava certo,  e ele  nem precisava fazer grande esforço para isto.
Só que quanto mais o tempo passava, mais ele lembrava que aquele homem voltaria para cobrar a dívida. Foi pensando nisso que ele perdeu toda a alegria de viver, nada tinha importância em sua vida e nada o fazia feliz.
Sua mulher notou que o marido andava sempre triste perambulando de um lado para outro, algo ou alguém o perturbava  muito. Um dia chamou-o para uma conversa, queria saber de tudo. Ele então contou à mulher sobre aquele homem bem vestido e na proposta que lhe fizera.e que sabia que ele fora enganado pelo diabo, pois nada se recebe de graça e sem muito trabalho, ele viria a qualquer momento cobrar a dívida e o levaria com ele para as profundezas do inferno.
 A mulher pensou, pensou e num estalar de dedos disse:
- deixe comigo marido, ele não vai te levar a lugar algum você verá!
Quando chegou o dia da cobrança da dívida, a mulher mandou o marido se esconder e levar junto os seus filhos. Ficando só, ela tirou toda a roupa, soltou seu cabelos compridos e foi para à porta, abriu os braços segurando de um lado e outra da porta. Abaixou a cabeça e jogou toda sua cabeleira para frente tampando-lhe o rosto, encruzou as pernas e manteve-as esticadas. Ali ficou esperando o diabo vim cobrar a dívida de seu marido. Quando o diabo chegou e viu aquilo na porta ficou intrigado. Olhou, olhou e tentou desvendar que figura estranha era aquela. Primeiro com as mãos desenhou o comprimento da mulher, mas cadê a cabeça? Pensou ele:
- assim não dá! Levando as mãos de cima a baixo do corpo da mulher, fazendo um desenho. Olhou de novo e novamente desenhando com as mãos de um lado à outro dos braços da mulher, tornou a repetir:
- assim também não dá. Só aí foi que percebeu que tinha desenhado uma cruz e logo em um estouro desapareceu deixando para trás só o cheiro terrível de enxofre.
O pobre homem vendo que estava livre, trabalhou feliz da vida e prosperou cada vez mais e nunca mais passou falta de nada em sua vida."
E assim termina a história de hoje: com mulher nem o diabo pode!

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