Bernardo, um caboclo matuto como muitos que vivem por esses brasis afora, com os seus casos e suas histórias. Algumas inventadas pela sua imaginação outras adaptadas de outros contos que ouvia. Analfabeto como a maioria de sua época tinha na memória um grande acervo de histórias que estava pronto a contar para a criançada em noites escuras ou de lua cheia. Vou contá-las como ouvi:
HISTORIAS
A FÁBULA DA ONÇA E O GATO
As crianças já estavam todas sentadas à espera da história da noite, com seus olhinhos brilhando de curiosidade. Bernardo sentou-se em um banquinho perto do fogão à lenha, as labaredas que subiam em formas de línguas de fogo balançadas por um vento que soprava pelas frestas da janela, projetavam na parede, sua sombra um pouco distorcida.
O ambiente da cozinha ficava aquelas horas, envolto numa penumbra entre o clarão do fogão e a luz trêmula do pequeno lampião à querosene. Aquele ambiente era favorável ao encantamento, ao mágico. Tudo era possível e lógico, bastando para tanto a voz de Bernardo:
Era uma vez, uma onça que aproximou-se de um gato e astuta fez-se de mansinha e confiável.
_ Oh! Senhor gato como admiro sua agilidade! Dizia, fazendo com que, o gato ficasse muito vaidoso. De elogio pra lá e elogio pra cá a onça convenceu o gato a ensiná-la, os seus admiráveis pulos.
Assim passaram os dias, o gato ensinou a onça a pular para um lado e para o outro. A cair em pé e a onça aprendia tudo muito bem.
Até que um dia, ela achou que já estava pronta, que havia aprendido todos os pulos do gato, e pulou em cima dele com suas garras enormes. O gato deu um salto para trás e escapou. A onça admirada disse:
_ Oh senhor gato este não me ensinaste!
O gato já longe e em segurança responde:
_ É dona onça e se eu estivesse te ensinado tudo, você teria me comido!
E terminava um tanto misterioso:
É crianças não se ensina o pulo do gato!
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