HISTORIAS

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Igreja de São Joaquim - Fazenda da Gramma




 

 A Igreja de São Joaquim da Grama construída em 1887 na Fazenda da Grama, em 1989 foi declarada pelo INEPAC patrimônio cultural do Estado. Através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, a INB patrocina o Projeto de Restauração da Igreja, que se encontra em estado de abandono. Para salvar este ícone da época dos barões do café, foi necessário realizar obras emergenciais capazes de estagnar os danos e assim possibilitar, num segundo momento, transformar o local em um centro de memória e convivência. 

http://www.inb.gov.br/Detalhe/Conteudo/igreja-sao-joaquim-da-grama-restauracao/Origem/626

Realmente o local foi limpo e uma porta foi colocada para impedir o vandalismo, além de uma placa de que o local estava sendo restaurado, mas parou por aí a igrejinha continua lá no alto só e abandonada a olhar os viajantes que passam por ali. A porta improvisada já acabou e assim ela continua vítima do tempo e do abandono.

Construída pelo Fazendeiro Joaquim Breves considerado o Rei do Café no Brasil Império está sendo esquecida no tempo. A sua vontade de ser sepultado ao lado da mulher em suas terras, próximo a igreja não passou de mero capricho não respeitado pelo tempo e pela violação das sepulturas. 

A Igreja foi abandonada e os ossos de Joaquim Breves e sua esposa foram transladados em 1962 para o cemitério de Barra do Piraí. http://brevescafe.net/bio_joaca.htm

Em 02/01/2020 passei por lá e não me contive só em olhá-la de longe subi as escadarias e fui visitá-la com minha família. Não dá para deixar de sentir naquele lugar a presença nostálgica de um passado de muitas riquezas e que virou  ruínas. É nada é para sempre não importa o quão poderoso seja.



DETALHE DO TELHADO

                                                      
TORRES 

DETALHE DAS DUAS SACADAS


 

DETALHE DO LADO COM A TORRE


PORTA DA FRENTE COM AS ESCADAS

 


ESCADARIAS RECOBERTAS PELO CAPIM


SUBIDA PARA A IGREJINHA




Mulher


Negra Branca Jovem Velha Mulher

Sob o resquício de arcaica cultura

Orbitas por tantas intolerâncias

Por violências quantas,

Tantas vezes silencias

 

Ninfa fonte de doentio desejo

Acusam-te da própria desgraça

Quantas vezes ainda mulher?

Grito sufocado, preso na garganta.

Com teu sangue lavas

Com tua vida pagas

 

Se teu grito sufocas o cosmo grita

 Na imensidão do vazio o breu

O universo a teu favor conspira

A terra estéril de dor gemeu.

 

Mulher negra do Jongo à magia

Do teu canto cifrado ao Batuque

De teus ancestrais a história conta

Negra Branca Jovem ou Velha

Mulher nunca deixe te banalizar

És forte numa frágil forma

Como flor no deserto árido

És completa

Simplesmente mulher

 Lucia Araujo

 





 

A fábula do gato e a onça

Bernardo tinha acabado de jantar e os pequenos já estavam ao seu redor pedindo que ele lhes contassem uma história e ele lhes contou esta história que falava da esperteza do gato.

A onça observava o gato que pulava de um lado para o outro com tamanha habilidade que deixava a todos admirados.

De mansinho chegou e puxou uma prosa:

Oi compadre gato como vai?

O gato arredio arrepiou os pelos  se afastando da onça que tinha fama de caçadora. A onça continuou a falar amavelmente.

— Há tempos venho te observando e admirando sua habilidade em dar pulos escapando de situações complicadas, por isto tomei a liberdade de vim te pedir para ser meu professor.

O gato pensou e decidiu que não era boa política aborrecer a onça e respondeu:

— Será um prazer comadre onça. 

Daquele dia em diante treinava a onça que dava pulos como o gato: ligeira e astuta. 

Quando a onça se sentiu segura achando que já havia aprendido tudo, ao chegar para mais uma aula, pulou para cima do gato, que rapidamente saltou para trás. 

A onça exclamou:

— Oh compadre gato este pulo no me ensinaste!

O gato já indo longe gritou:

— Se eu tivesse te ensinado eu não estaria vivo!

E Bernardo terminava esta história com um conselho:

Eh! As vezes não podemos ensinar o pulo do gato. E ria uma gargalhada que fazia todos rirem também.

O sono da cobra


Bernardo acordou no meio da noite, e sentiu no ar aquele cheiro pavoroso, que só ele um caboclo acostumado a viver naquelas serras poderia sentir. De um pulo levantou-se tocando levemente a mulher, que acorda assustada. Levando o dedo aos lábios, ele faz para ela um sinal. Ela o entende e rapidamente pega o bebê que dorme como um anjo, em seu cesto de bambu pendurado ao lado da cama do casal.
Se dirigem para a sala onde sem uma palavra a mulher para, enquanto Bernardo entra no quarto onde dormiam suas duas filhas mais velhas. Pé ante pé, mergulha no silêncio e escuridão daquele quarto. Só seus olhos acostumados com a escuridão das noites nas serras conseguiam ver além da escuridão.
Com cuidado retira em seus braços a filha menor que dorme pesadamente, levando-a em segurança para a mãe. Volta e segurando a respiração se aproxima da filha mais velha retirando-a também para sala.
Finalmente de posse de sua fiel companheira uma espingarda de um cano só, que só lhe dava uma chance: acertar de primeira ou levaria um tempo para recarregar outro cartucho. Entrou no quarto das meninas e atirou: bam! O tiro ecoou quebrando o silêncio da noite na serra. Na cabeceira da cama das meninas jaz espatifada uma urutu, cuja picada mataria sua vítima. Não haveria socorro naquelas distantes serras.
De volta à sala respira aliviado! Mais uma noite se passava com ele velando o sono de seus filhos. E assim seguia a vida em meio a diversidade da natureza! Na luta pela sobrevivência!

Saída 284

Homenagem aos trabalhadores que sabem do que a poema fala. A saída 284 é a saída para Pinheiral - RJ vindo da Cidade de Volta Redonda - RJ.

Saída 284

Levanto ainda é noite, as estrelas estão céu.
Apressado, mochila nas costas, lá vou eu.
Ônibus lotados, corpos apertados, a massa.
Olho pela janela e lá fora o brilho do sol
Tinge de dourado o horizonte, a praça.

Pessoas apressadas que de tanta correria
Não se veem, chega por vezes a se trombar.
Pra onde vou, pra onde vai esta massa?
Quase chegando à histeria?
Ganhar seu pão de cada dia e sonhar.

Que sonhas companheiro nesta árdua lida?
Com o respeito e com a igualdade,
E o que mais desejo na vida
Que meu corpo não seja tão esmagado
Neste ônibus lotado
Quero a liberdade
De não chegar ao trabalho
já assim tão cansado.
Com escolas pras crianças até a faculdade
Com médicos a qualquer hora
Que houver necessidade,
Com minha casinha pronta e minha rua asfaltada

Soa o apito, mostrando que findou o dia.
A mesma pressa, a mesma massa,
Na rua que de gente fervia.

O mesmo ônibus lotado.
Na hora de voltar pra casa
Já me sinto anestesiado
Acabrunhado e cansado.
Olho meu reflexo na janela e levo um susto
O rosto enrugado e o cabelo branco
A boca amarga porque sei o custo.
Oh! Tempo que nem sempre é justo.

Olho para trás vejo meu rastro
E uma placa que anuncia
Saída dois, oito, quatro.
Sinto meu peito aquecido
Até amanhã companheiros!
É mais um dia cumprido.


Lucia da Siva Araujo

Coisas que o povo diz!

Deixar os sapatos virados para baixo é agourar pai ou mãe.
Deixar a bolsa no chão atrai miséria.
Passar por baixo de escada dar azar.
Parente é igual aos dentes, mordem a língua da gente.
Antes só, do que mal acompanhado.
Mais vale um pássaro na mão, do que dois voando.
Relógio que atrasa, não adianta.
Senta em cima do rabo, para olhar o rabo alheio.
O gato ruivo, do que usa cuida.
Nunca deixe o chapéu virado para cima.
A horta do vizinho é sempre mais verde.
Para fazer com que, uma visita indesejada vá embora, é só colocar uma vassoura com o cabo virado para baixo atrás da porta.
Jogar sal na chuva, faz com que ela pare.
Nunca diga: desta água não beberei.
Vão os anéis, mas ficam os dedos.
Pau que dá em Chico, dá em Francisco.
Por fora tanto chiado, por dentro pão bolorento.
Durmo com um olho fechado e o outro aberto.
Cão que ladra não morde.
Pobre é o rato, que nasce pelado e sem roupa pra vestir.
Quando a fome entra pela porta, o amor sai pela janela.
Quando um burro fala, o outro murcha a orelha.
De casa é prato e panela.
Pinto que acompanha pato, morre afogado.
Um porco,não quer ver o outro limpo.
Dois bicudos não se beijam.
Quando o gato sai, os ratos fazem a festa.
Muita trovoada é sinal de pouca chuva.
Quando vinhas com o fubá, já estava com meu angu.
Mato a cobra e mostro o pau.
Até mostrar que focinho de porco não é tomada...
Quem avisa amigo é.
Em terra de cego, quem tem um olho é rei.
Os cães ladram e a caravana passa.
Nem que a vaca tussa.
O mar não está pra peixe.
Fósforo é que perde a cabeça quando esquenta.
Isto é chover no molhado.
Quando ias para horta, eu já estava de volta.
Não tem o que fazer? Vá enxugar gelo.
Vê se estou na esquina.
Se melhorar, estraga.
Quem casa, quer casa.
Ao entrar em uma casa saia pela mesma porta.
Quem conta um conto, aumenta um ponto.
Devagar se vai longe.
A pressa é inimiga da perfeição.
Se o dono da casa não abrir a porta para visita ir embora, ela não volta.
O olho viu, a barriga pediu.
Manda quem pode, obedece quem tem juízo.
Escreveu não leu, o pau comeu.
Cobra que não anda, não engole sapo.
De grão em grão é que a galinha enche o papo.
Casa de ferreiro, espeto de pau.
O vício do cachimbo deixa a boca torta.
Um dia é da caça, outro do caçador.
É uma Maria vai com as outras.
O que o olho não vê, o coração não sente.
Estes ditos populares foram colhidos no interior do Estado do Rio, alguns vão pelo Brasil afora, outros estão se perdendo com o tempo. Estarei coletando mais destas pérolas passadas de boca em boca pelo povo. Quem souber de alguma diferente ou de outro estado é só colocar no comentário, que adicionarei com prazer.









Ressurreição


Que alegria o amanhecer
Cheio de promessas de vida
 O tempo passa e o entardecer
 Com ele vem o cansaço, a ferida
Tudo na escuridão mergulha 
É a noite, a morte o fim da vida!
Oh! tempo que se esvai
Rápido como o vento!
Por quê entre meus ais
Deixei passar o meu tempo?
Sem correr veloz como o vento
atrás dos meus ideais
Oh! Tempo que não volta mais
Nem um segundo sequer
Mas o que me faz     
 viver ainda querer
É que depois de uma noite
Há sempre um amanhecer.
E assim ressuscitamos a cada dia!