Saída 284
Levanto ainda é noite, as estrelas estão céu.
Apressado, mochila nas costas, lá vou eu.
Ônibus lotados, corpos apertados, a massa.
Olho pela janela e lá fora o brilho do sol
Tinge de dourado o horizonte, a praça.
Pessoas apressadas que de tanta correria
Não se veem, chega por vezes a se trombar.
Pra onde vou, pra onde vai esta massa?
Quase chegando à histeria?
Ganhar seu pão de cada dia e sonhar.
Que sonhas companheiro nesta árdua lida?
Com o respeito e com a igualdade,
E o que mais desejo na vida
Que meu corpo não seja tão esmagado
Neste ônibus lotado
Quero a liberdade
De não chegar ao trabalho
já assim tão cansado.
Com escolas pras crianças até a faculdade
Com médicos a qualquer hora
Que houver necessidade,
Com minha casinha pronta e minha rua asfaltada
Soa o apito, mostrando que findou o dia.
A mesma pressa, a mesma massa,
Na rua que de gente fervia.
O mesmo ônibus lotado.
Na hora de voltar pra casa
Já me sinto anestesiado
Acabrunhado e cansado.
Olho meu reflexo na janela e levo um susto
O rosto enrugado e o cabelo branco
A boca amarga porque sei o custo.
Oh! Tempo que nem sempre é justo.
Olho para trás vejo meu rastro
E uma placa que anuncia
Saída dois, oito, quatro.
Sinto meu peito aquecido
Até amanhã companheiros!
É mais um dia cumprido.
Lucia da Siva Araujo
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