Muito distante daqui havia um reino muito rico e bonito. Com terras maravilhosas, cheio de árvores e flores por toda parte. Muitas fontes de água cristalina e fresquinha brotavam por entre as pedras, que de trecho em trecho apareciam pelo caminho para matar a sede dos viajantes.
Lá no alto de onde tudo se via ficava o palácio real e um bondoso rei cuidava para que seu reinado fosse bom e justo.
O rei vivia com sua única filha, uma princesinha muito linda que até parecia daquelas de contos de fadas.
A princesinha tinha um coelhinho branquinho como a neve e com os olhos vermelhinhos como o fogo, os dois eram grandes e inseparáveis amigos. Caminhavam juntos pelo jardim real todas as manhãs, quando os primeiros raios de sol faziam o orvalho das folhas brilhar como uma joia preciosa.
Tudo estava em harmonia naquele reino e todos viviam felizes. Até que em uma manhã quando a princesa passeava pelo jardim seu coelhinho desapareceu. Ela procurou-o por todo lado, mas não havia nem rastro do coelho. Voltou para o palácio e pediu ajuda a seus criados que saíram a procurar o coelhinho. O dia passou e a noite caiu, mas o coelho não apareceu.
Passaram vários dias e ninguém encontrou o coelho. A princesa ficou doente de tanta tristeza, não queria mais sair da cama e nem ia à janela olhar o jardim.
Todos os habitantes do reino ajudavam a procurar o coelho, sem resultado algum. O rei estava triste e abatido vendo sua querida princesa cada vez mais doente, os melhores médicos do reino tinham vindo ver se podia ajudar a descobrir a doença da princesa, mas ninguém conseguia fazer nada, não havia remédio que a fizesse melhorar.
Desesperado o rei mandou espalhar por todo reino, cartazes dizendo que recompensaria muito bem àquele que fizesse sua filha sorrir de novo e levantar da cama.
Muitos nobres até de outros reinos se apresentaram ao rei e tentaram animar a princesa, mas nada adiantava, o coelhinho levou com ele toda a sua alegria e vontade de viver.
Havia naquele reino, duas velhinhas que moravam bem distante do palácio: Maria e Joaquina. Maria era muito teimosa e não gostava de perder tempo com nada, nem nos cuidados com seu corpo. Andando com os cabelos desalinhados e a roupa suja. Joaquina ao contrário era calma, suave e se cuidava muito bem, seus cabelos eram limpos e penteados e suas roupas sempre muito branquinha. Quando souberam da doença da princesa ficaram comovidas e resolveram ir fazer uma visita. Caminharam por vários dias, como não tinham muito, pois eram muito pobres nada levavam só as roupas que vestiam.
Até que em uma noite de lua cheia avistaram o esplêndido palácio, mas suas luzes pareciam pálidas e sem brilho, em seu jardim não havia mais flores e em suas árvores nenhum fruto. Tudo parecia se entristecer com a estranha doença da pequena princesa.
Joaquina ao ver uma grande pedra por onde saía uma água muito fresca e limpinha disse à Maria: vamos passar a noite aqui e amanhã chegaremos ao palácio bem cedo. Maria impaciente como ela só, respondeu: eu não vou esperar mais nada, vou agora mesmo subir a colina e chegarei ao palácio logo, logo para ver a princesa.
Joaquina sabia que com teimosia de Maria ninguém podia, desistiu de fazê-la mudar de ideia e a deixou seguir sozinha.
Tia Joaquina como a chamavam, ficou ali e procurou um abrigo entre as pedras bem perto da água. Tirou suas roupas empoeiradas da viagem, lavou-as e pôs a secar nas pedras, em seguida tomou um bom e gostoso banho. Lavou seus cabelos branquinhos e deixou-os secar com a leve brisa daquela noite calma.
Deitou-se na grama e quando ia pegando no sono acordou com um barulhinho. Abriu os olhos e ficou paradinha, foi quando viu um coelhinho muito branquinho bebendo água. Sua pele era tão branquinha que brilhava com a luz da lua. Joaquina passou a noite em companhia daquele coelho que parecia gostar muito da sua companhia também.
Ao amanhecer vestiu suas roupas limpas e cheirosas, penteou muito bem os cabelos e seguiu para o palácio. Lá chegando foi muito bem recebida e logo foi levada ao quarto da princesa.
A princesa estava muito fraquinha e não levantava nem a cabeça do travesseiro, nada e ninguém a animava. Tia Joaquina sentou-se à beira da cama e começou a contar de suas aventuras pouco antes de chegar ao palácio, na noite anterior.
Contou à princesa que um coelhinho branquinho... Não conseguiu terminar a frase, pois a princesa a interrompeu:
__ meu coelho tia Joaquina!
Tia Joaquina temendo dar falsas esperanças à princesa queria dar maiores detalhes sobre o coelho, mas era sempre interrompida.
A princesa já estava sentada na cama e dizia com os olhos brilhantes:
__ meu coelho tia Joaquina!
Por fim, os criados vendo aquela cena chamou o rei que veio correndo ver o que acontecia. Ao entrar no quarto da princesa encontrou-a de pé segurando a mão de tia Joaquina e dizendo:
__é meu coelho tia Joaquina!
O rei ficou surpreso com a melhora da filha e mandou seus criados ir procurar o tal coelho no lugar onde tia Joaquina disse que o tinha visto. Logo eles voltaram e a princesa saiu correndo e feliz ao encontro do seu grande amigo.
Assim tudo no palácio volta ao normal. O rei ficou tão agradecido que convidou tia Joaquina para morar no palácio e ser dama de companhia da princesa.
Joaquina ficou muito contente com o convite, mas uma coisa a preocupava muito: onde foi parar a Maria? Foi então que os criados do rei disseram que uma velhinha muito teimosa queria ver a princesa, mas ela estava tão suja que o rei a proibiu de entrar no palácio antes de um bom banho e eles estava desde aquela noite tentando fazê-la tomar banho, mas ela não aceitava e dizia:
_Ninguém manda em mim, tomo banho quando quiser e agora eu quero é ver a princesa!