Era agosto e no alto da serra o vento soprava forte, com seu
uivo que mais parecia um bicho. O sol não tinha tanta força para aquecer,
diante daquela ventania e assim o dia passou e a noite ia cobrindo com suas
sombras e o uivar do vento se tornava mais assustador. Bernardo chega ao
anoitecer, como sempre quer a presença de seus filhos um por um. Os abençoa e
vai tomar seu cafezinho na cozinha à beira do fogão à lenha. O cheirinho do
café invadia a casa toda e Bernardo o sorvia devagarinho saboreando cada gole.
O vento lá fora continuava a uivar e fazer tremer portas e janelas. O jantar
estava quase pronto, logo estariam todos reunidos mais uma vez em volta de
Bernardo para ouvir seus casos e suas histórias.
Neste dia Bernardo contou esta história:
Era uma vez, um reino onde pertinho do palácio ficava uma
pequena casinha de sapê. Diante do suntuoso palácio, a casinha simples e
modesta parecia incomodar os olhos de alguns súditos do poderoso rei. Eles sempre
iam ter com o rei e comentavam que aquela casinha tão pobre, não podia ficar ali,
tão perto do palácio real onde só havia coisas belas e de extremo valor. O rei
tentando agradar a seus súditos, mas sem querer fazer mal a uma agradável
velhinha que morava naquela casinha, mandou que seus empregados a trouxesse para
viver no seu incrível palácio.
Foi assim que a pobre velhinha acompanhou os empregados do
rei, pois não se nega um pedido real e deixou sua casinha indo morar no
palácio. O rei, no entanto, ordenou a seus empregados que deixassem a casinha
como estava sem mexer em nada, pois sua dona poderia ficar magoada se a
derrubassem de imediato, dizendo que tudo tinha seu tempo.
A doce velhinha era muito bem tratada pelo rei e pela rainha
que gostavam de sua companhia e de ouvir seus casos, mas alguma coisa havia
mudado. Ela já não era feliz como antes quando vivia em sua humilde casinha. Seus
olhos não tinham o mesmo brilho e seu sorriso parecia triste e forçado.
O rei um dia a chamou e disse: __ minha senhora o que pode
seu rei fazer para vê-la contente como antes?
A velhinha respondeu meio sem jeito. __ meu senhor rei me
perdoe, mas eu estou sentindo muita falta de minha casinha.
O rei imediatamente mandou chamar um empregado dando-lhe
ordem para que levasse de volta a tão triste velhinha. Mas sem que a velhinha
ouvisse disse ao empregado:
__ Depois que ela tiver em casa, fique por perto e descubra
porque ela se sente mais feliz naquele casebre velho do que em meu esplêndido
palácio.
Assim o empregado
fez. Deixou a velhinha entrar e ficou olhando-a por um buraco na parede. A
velhinha assim que achou que estava só, ria e andava de um lado para o outro
levantando as pernas e soltando pum dizia: minha casa é meu palácio o rei com a
rainha que vai bugiar! Pum!
E assim Bernardo terminou a história dizendo: mais vale a
liberdade em uma casinha de sapê, que viver em palácio alheio.
Muito bom tia,contar as histórias do vô foi muito legal,parabens.
ResponderExcluirObrigada meu sobrinho! São histórias que se não contar para as novas gerações vão desaparecer e é uma pena!
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