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Uma
fumaça começava a cobrir com seu manto branco a serra lá no alto. Devagarinho, descia começando a encobrir todo povoado, que ficava logo aos pés da serra. O
fogão à lenha tornava a cozinha um lugar aconchegante. Nestas tardes frias, era
ali que as crianças esperavam Bernardo chegar do trabalho. Não ia demorar, a
neblina já estava cobrindo tudo ao redor, já não se avistava mais a serra.
Alguns
passos se aproximava devagarinho, assobiando uma canção que todos conheciam e
lentamente se aproximava da porta: Bernardo chegara!
Após
o jantar, as crianças continuavam ali, no aconchego daquele calorzinho do
fogão, e em coro pediam: história, história!
Bernardo
começou a contar:
Era
uma vez, em vilarejo muito distante havia um homem casado com uma mulher muito
bonita. Ela chamava “Maria” e devido à sua beleza ficou conhecida como: “Maria
Bonita”.
Os
homens da Vila tinham por ela admiração e desejo e as mulheres muito ciúme. Mas
o casal vivia em paz e prosperavam a olhos vistos.
Só
que Maria tinha o hábito de receber visitas quando seu marido não estava. A
vizinhança já desconfiava dessas visitas e murmuravam: “só o pobre do marido
não sabe”!
O
que eles não sabiam é que o casal combinava tudo antes. O marido saía, Maria
recebia a visita e o marido chegava ao momento oportuno.
Foi
assim que certa vez os três frades que moravam em um convento, perto da casa de
Maria sucumbiram a sua beleza. E um a um caiu na armadilha.
O
primeiro tomou coragem e foi fazer uma visitinha à formosa Maria. Ela o recebeu
com muita gentileza, mostrou- lhe a casa que estava bem arrumada e perfumada e
depois o convidou a tomar um café com um bolo delicioso que ela mesma tinha
preparado. Só que quando a conversa ia ficando animada, o marido chegou e a
mulher desesperada dizia ao frade que tinha que se esconder, pois se o marido o
pegasse ali poderia acontecer uma desgraça. O frade muito desesperado, mesmo
porque seus pensamentos não eram tão inocentes, logo perguntou: onde posso me
esconder? O que faço?
Maria
diz que só há uma solução que ele se escondesse na dispensa.
O
marido chega e com cara de bravo grita com a mulher:" quem estava tomando café
com você?!" Maria ainda tenta negar, mais o marido furioso começa a revirar a
casa até que abre a dispensa e encontra a frade tremendo de medo.
Sem
esperar mais nada o frade implora pelo perdão do marido e oferece uma grande
soma em dinheiro para que eles o perdoassem. O Marido reluta. Maria chora e implora pela vida do frade, até
que sai um acordo. Maria fica com todo dinheiro que o frade tinha.
Passado
uns dias, o segundo frade foi fazer uma visitinha de cortesia à Maria e o mesmo
aconteceu com ele, que teve que desembolsar uma quantia muito maior.
Os
vizinhos não acreditava como o marido de Maria não enxergava o que estava
debaixo do nariz: a mulher o traía só podia ser isso, e ele ainda a tratava com
tanto carinho.
Em
meio aos comentários dos vizinhos é que Maria recebe a visita do terceiro
frade. E tudo se repete, só que desta vez algo não saiu bem. O marido
esbravejou, deu soco, gritava e o frade só tremia de medo e nenhum acordo era proposto.
Irritado e já cansado daquela situação o marido abriu o jogo: “Olha aqui seu
trouxa eu e Maria vivemos disso pegamos idiotas como você, ou me paga uma
grande quantia em dinheiro ou em perco minha paciência”.
O
frade implorou perdão e disse que não tinha dinheiro, ele era pobre. Como
vingança o marido pendurou o frade de bunda para cima e acendeu uma vela em seu
bumbum deixando queimar a noite toda.
No
próximo domingo os frades celebravam na capela quando vira Maria toda bonita de
braços dados com seu marido entrarem na capela. Então entoaram este canto:
O
primeiro: “já vem Maria bonita”!
O
segundo responde: “com o meu dinheiro e o vosso”!
E
o terceiro termina: “como eu não tive o que dá me fizeram do cú castiçal”!
E
assim, todos do povoado ficaram sabendo como Maria Bonita e seu esperto marido
faziam com aqueles que tentavam aproveitar-se de sua grande beleza! E até hoje
esta história é contada naquela região.
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