Negra Branca Jovem
Velha Mulher
Sob o resquício de
arcaica cultura
Orbitas por tantas
intolerâncias
Por violências quantas,
Tantas vezes silencias
Ninfa fonte de doentio
desejo
Acusam-te da própria
desgraça
Quantas vezes ainda
mulher?
Grito sufocado, preso
na garganta.
Com teu sangue lavas
Com tua vida pagas
Se teu grito sufocas o
cosmo grita
Na imensidão do vazio o breu
O universo a teu favor conspira
A terra estéril de dor gemeu.
Mulher negra do Jongo à
magia
Do teu canto cifrado ao
Batuque
De teus ancestrais a história
conta
Negra Branca Jovem ou
Velha
Mulher nunca deixe te
banalizar
És forte numa frágil
forma
Como flor no deserto
árido
És completa
Simplesmente mulher
Lucia Araujo