HISTORIAS

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Visitando as Ruínas de São João Marcos

Bernardo contava sempre para suas crianças, a história de uma cidade que fora inundada pelas águas de uma represa. Contava daquele jeitão dele, com muita imaginação fazendo com que os pequenos imaginassem uma cidade inteira adormecida debaixo dágua.


Ali perto da então Santo Antônio do Capivari, dizia Bernardo que podia ver a grande represa. As crianças o escutava curiosas, ouvindo suas  lendas e suas histórias.

Hoje São João Marcos é um sítio arqueológico onde os visitantes podem conhecer melhor sua História. Um lugar lindo, com uma História que nos ensina muito, sobre um pedacinho de nosso Brasil, sua riqueza e sua gente.



São João Marcos surgiu com a colonização da região onde vivia os índios puris ou coroados.
Os colonizadores sofreram resistência por parte dos nativos, estes que já se encontravam acuados não aceitavam o colonizador branco. Conta-se que um chefe da tribo ateou fogo na plantação de uma fazenda, por achar que o fazendeiro não estava cumprindo o acordo que fizera.


A região prosperava com o ciclo do café, muitas fazendas surgiram no lugar como a do Joaquim Breves que contava com 30 fazendas e 6.000 escravos. A necessidade de escoamento da produção e do ouro que vinha de Minas fez com que por volta de 1700 fizessem uma estrada conhecida como a Estrada do Ouro ligando Minas Gerais e o litoral fluminense. Nas ruínas ainda é possível ver parte desta estrada.



Com a abolição da escravidão e a queda na produção agrícola a região entra em crise, São João Marcos era um grande centro com uma estrutura invejável com teatro, escolas, praças, clubes e duas igrejas. A matriz de São João Marcos construída por um fazendeiro devoto do Santo era esplêndida conta seus antigos moradores.
Com a crise vai aos poucos sendo esvaziada, os grandes fazendeiros começam a vender suas terras e irem embora. 
O grande comendador Breves influente na política morre em 1889.
Em 1939 foi tombada numa tentativa de preservar seus prédios, mas em 1940 foi destombada para aumentar a represa de Ribeirão das Lages.

   Não era como na imaginação das crianças de Bernardo, a cidade fora demolida e nem toda jazia debaixo dágua. Toneladas de escombros foi o que restou da grandiosa São João Marcos. A população mais pobre foi a que mais sofreu  espalhando-se pelos municípios vizinhos.

Uma viagem no tempo!


muro de contenção da estrada do ouro








Valeu o passeio! Até breve!

Alto da Serra (caminhando pela ferrovia desativada)


Cheguei ao Alto da Serra. Terra em que viveram a família de Bernardo: seus pais, avós, tios e tias. Vivendo da terra, das plantações, caça e pesca nos riachos.

A alegria e emoção não me deixava sentir o cansaço da caminhada rumo à serra. Estava pisando onde Bernardo pisou. 


Por um instante as vozes do passado ressoavam com força: a linha do trem era o meio preferido que Bernardo usava para chegar ao seu sítio, mas enfrentava o túnel estreito e os cortes onde só davam passagem para o trem. 
Ouvia sua voz: — estava quase na hora do trem e tive que andar depressa, muito depressa se ele me alcança, não chegaria em casa hoje. Tudo era visto como mais uma aventura e coragem daquele caboclo baixinho e esperto. Podia sentir seus passos rápidos e ouvir o apito do trem.


Como Bernardo perguntei de brincadeira ao meu irmão: — será que estar na hora do trem? Ele riu e eu respondi: — um trem fantasma como nas Histórias de Bernardo, soltando fogo e fumaça e avançando ferozmente.


A água corria pelas pedras refrescando aquele
 dia que apesar do inverno estava quente.


Finalmente avistamos o túnel, lindo contando um pedaço da história, construído em 1924.


Estava entardecendo não podíamos nos demorar, o carro ficara distante. Que vontade de fazer como Bernardo e atravessar o túnel, avistaríamos Angra o mar, seria lindo! 
O bom senso de minha irmã disse:— o túnel é perigoso está abandonado deve ter bicho e muito morcegos. Aqui tem cobra e já ouvi dizer que tem aparecido onça.


Voltando mais uma pausa para uma foto, em frente bem lá no meio da mata é que vivia Benardo. Hoje a mata atlântica está retomando o lugar, assim espero!


Na Serra já surgia uma pequena neblina, também inspiração para as histórias de Bernardo. 

Uma penumbra já anunciava o entardecer, deixando a paisagem ainda mais bonita!


Aqui nos despedimos logo depois do rio pegaríamos o carro para Lídice. Antes as últimas fotos.




Passeio ao Alto da Serra.


Cheguei nas terras de Bernardo, foi um sonho caminhar por aquela estradinha de chão batido. Em alguns trechos surgia calçada de pedras. O Rio a acompanhava refrescando e matando a sede com sua água cristalina. As serras foram chegando mais perto à medida que subíamos. A mata de um verde exuberante enchendo nossos pulmões de ar puro.  
 O Rio corria sereno ao lado da pequena estrada! Ouvia lá longe no túnel do tempo Bernardo contando seus casos


        
   Caminhamos procurando na mata sinais da história de Bernardo, aqui e ali surgia umas amoras vermelhinhas, apesar de não estar na época e eram colhidas imediatamente pelo bisneto de Bernardo.     

                                                                                 


  Não sabíamos ao certo se o Alto da Serra estava perto ou longe, mas o encanto daquele lugar nos fazia ir em frente.
 Por estes caminhos passaram os antepassados de Bernardo, mulheres arrastando seus vestidos longos e rodados que como contava Bernardo iam varrendo o chão. 

 Ouvia suas histórias, suas caminhadas com seus irmãos e primos e suas travessuras de rapazola.

 Imaginava Bernardo em dia de festa na vila, com sua impecável calça branca e seu chapéu de palha.

  
Faltava pouco para chegar no Alto da Serra de Lídice, logo avistaríamos a velha estação e a linha da ferrovia.

 Estação do Alto da Serra (Lídice)