
Bernardo, um caboclo matuto como muitos que vivem por esses brasis afora, com os seus casos e suas histórias. Algumas inventadas pela sua imaginação outras adaptadas de outros contos que ouvia. Analfabeto como a maioria de sua época tinha na memória um grande acervo de histórias que estava pronto a contar para a criançada em noites escuras ou de lua cheia. Vou contá-las como ouvi:
HISTORIAS

O filho do compadre rico e o filho do compadre pobre.

No fogão à lenha, sempre tinha um enorme caldeirão de ferro cheio de água, que ali ficava sempre quentinha. A mulher de Bernardo pegou a água e o ajudou. Já com as roupas limpas, ele acendeu como de costume um cigarro e soltava baforadas de fumaça que se dissipava pela janela. No fogão as chamas trepidavam esquentando as panelas com o jantar. Sua mulher se apressava, pois sabia que o marido estava com fome e cansado.
Depois do jantar como de costume as crianças se juntaram ao seu redor e gritavam em coro: história, história! Bernado puxou um banco e se ajeitou, raspou a garganta e começou mais uma maravilhosa aventura pelos caminhos do faz de conta:
"Era uma vez, um fazendeiro muito rico, sua fazenda era a maior e mais bem cuidada da região. Seus campos cheios de cabeça de gado ia até onde à vista não alcançava mais.Tinha ali um amigo pobre que ficara a ajudar na labuta da grandiosa fazenda. Deu-lhe o fazendeiro uma casa que ele poderia usar como moradia, pois ele já havia mandado construir uma melhor e mais moderna.
Assim seguia a vida daqueles dois amigos, que casaram e tiveram um filho . O fazendeiro não cabia em si de felicidade quando a parteira lhe entregou aquele menino. Logo lembrou-se do amigo pobre, o qual sua mulher estava também para ganhar uma criança. Saiu correndo e foi contar a novidade ao seu amigo e quando lá chegou o encontrou também feliz da vida,pois a criança já nascera e era um menino lindo e forte. Os dois se abraçaram e o fazendeiro fez uma promessa ao amigo pobre:
- Olha eu vou batizar seu filho e você o meu, e eu garanto que tudo darei para seu filho, não lhe faltará nada. De hoje em diante somos mais que amigos, somos compadres.
O tempo passou e os meninos cresceram juntos, como seus pais eles também se tornaram grandes amigos.
Um dia o compadre pobre chamou seu compadre rico e disse-lhe: - compadre! Eu sei que tenho muito a te agradecer, mas os meninos estão crescendo e já tá na hora de irem para uma escola. O compadre rico respondeu: - não quero contrariar o compadre, mas esse negócio de letras é bobagem, meu filho tem de tudo e nunca irar faltar nada a ele. O compadre pobre argumentou: - eu sei compadre, mas com sua permissão mandarei o meu menino para a escola. O compadre rico, mesmo sacudindo a cabeça com ar de reprovação, disse que iria providenciar a melhor escola para seu afilhado, se ele queria, ele ia ser doutor. Seu filho no entanto, ficaria na fazenda, pois tinha que aprender a cuidar do que seria dele um dia.
Assim os meninos se separaram, um foi para a escola e o outro ficou para aprender a ser fazendeiro com seu pai. Passou-se muitos anos, eles já eram rapazes feitos, o filho do compadre pobre tinha se formado e voltado para casa, para ver como ia as coisas. Encontrou o amigo e ficaram muito felizes com o reencontro.
Mais uma vez os compadres conversaram sobre o futuro de seus filhos: - compadre os nossos meninos já são homens feitos, estão na idade de arrumar casamento, mas aqui neste lugar não há moça alguma, como resolveremos isso? O outro compadre tem uma ideia: - vamos dar uma quantia em dinheiro para os dois, um bom cavalo e eles sairão à procura de uma noiva. E assim foi feito.
Os dois rapazes saíram em sua busca e chegando em uma encruzilhada tiveram a ideia de se separarem, cada qual tomou um caminho.
O filho do fazendeiro era um moço bom, mas suas maneiras eram reprováveis, não tinha nenhum polimento, era grosseiro e incapaz de saber fazer sequer um galanteio a qualquer moça.
Assim foi, que em suas andanças já muito longe de casa, ele avistou um palácio que era a coisa mais linda que seus olhos já vira. Estava cansado da viagem e resolveu pedir pousada. Bateu palmas: - oh de casa! Em resposta saiu um criado muito bem vestido e de comportamento polido: - pois não, o que o senhor deseja? O rapaz responde com seu jeitão: tô muito cansado e queria um canto para repousar o esqueleto. O criado mandou que ele entrasse e foi chamar o dono da casa, que veio acompanhado de sua filha, uma bela princesa. Ele aceitou em hospedar o estrangeiro e o convidou para jantar.
O rapaz não imaginava que aquele amigável senhor, era o grande rei daquelas terras e que também estava procurando um marido para sua filha.
No dia seguinte ao se levantar viu a princesa, caminhando por entre os jardins e foi ter com ela. - Bons dias! a princesa responde com um maravilhoso sorriso: - bom dia! Como passaste a noite? O rapaz responde: - deu pra descansar! Já estava com a bunda doendo de tanto andar à cavalo. A princesa ignora a resposta do rapaz e continua seu passeio. Ele fica andando atrás dela querendo puxar conversa, mas qual, não tinha assunto algum e só dava fora. A um certo ponto, a princesa sobe em uma pedra, que divisa os jardins e a horta do palácio. Um lago azul refletia entre a luz do sol a sua linda imagem, assim como as flores de um lado e os pés de couve de outro. Ela sempre sorrindo pergunta ao rapaz: - o que é que estás vendo que consideras mais lindo? Ele prontamente responde: - oia tudo tá muito bão, mas o que me chama a atenção é esse pé de couve para comer com angu!
A princesa se enfurece e chama os guardas dando-lhes uma ordem: - ponha esse sujeito na cela e dê-lhe angu com couve todos os dias!
Passaram vários dias e o filho do compadre pobre andando pelo outro lado, avistou o grande palácio. Ficou admirado com sua arquitetura, que beleza! Pensou por uns instantes e resolveu pedir abrigo para aquela noite. Bateu palmas e foi atendido pelo criado, o rapaz com delicadeza pergunta: por favor, estou viajando muitos dias, o seu senhor não poderia me dar abrigo por esta noite? O criado se retirou e voltou com o rei e a princesa. O rapaz explicou para o rei que precisava de um abrigo para passar a noite, pois estava viajando à muitos dias e se encontrava muito cansado. O rei ofereceu o abrigo e o convidou para o jantar.
O convidado sabia como se portar à mesa e diante de uma princesa tão linda. Puxou a cadeira para ela sentar- se e fez questão que o rei se sentasse primeiro em respeito à sua autoridade. Conversou sobre a linda arquitetura do palácio e mostrou que entendia muito do assunto, o rei ficara impressionado com os conhecimentos daquele viajante e sua educação.
No dia seguinte o rapaz levanta-se, toma banho, se perfuma e sai para o jardim, pois os primeiros raios de sol davam um colorido tão lindo àquela paisagem que parecia uma obra de arte. Andou uns passos e logo avistou a princesa que aquela manhã parecia ainda mais bela. Aproximou-se e a cumprimentou elegantemente. Ela respondeu com um belo sorriso e ele oferece- lhe o braço para um passeio pelo jardim. Assim eles ficaram conversando e passeando por algumas horas até que, a princesa chega perto da pedra que divide os jardins da horta. Sobe, olha para o lago e vendo seu reflexo, os das flores e os das couves, pergunta com os olhos fixos no rapaz que ainda segura suas mãos, pôs a tinha ajudado a subir aquela pedra.
- O que de mais bonito tu viste? O rapaz olha em volta e responde: - tudo aqui é esplêndido, mas o que meus olhos não vira nada igual é sua maravilhosa imagem refletida no lago. A princesa se rende àqueles elogios e se atira nos braços do rapaz apaixonadamente.
De volta ao palácio para falar com o rei, o rapaz passa pela cela e vê seu amigo com os dentes verdes de tanto comer couve e angu. Ele pergunta à princesa: -que mal este rapaz fez para estar preso?
Ela responde: - ah esse! É um mal educado que apareceu por aqui e não soube valorizar minha beleza, achou as couves melhores, por isso eu mandei que o encarcerassem e dessem só couve com angu para ele.
O rapaz explicou que aquele rapaz era seu melhor amigo, e intercedeu junto ao rei que o perdoasse. O rei e a princesa perdoaram o rapaz rico e o soltaram.
O noivado do rapaz pobre foi marcado e logo a seguir o casamento, com todas as pompas de um casamento de princesa. O rapaz porém não esqueceu seu amigo rico e fez questão de tê-lo em seu casamento como convidado de honra.
Mas seu amigo aprontou todas no dia do casamento: montado em seu cavalo, corria de um lado para o outro espantando os convidados. Quando chegou a hora do almoço foi terrível seu comportamento à mesa. ao ser-lhe oferecido garfo e faca ele não sabia como usar. Pegou então, um pedaço de carne espetou no garfo e levando-o à boca passou a faca cortando com isso os lábios que doía e sangrava muito. Assustado levantou-se, e como ainda estava usando esporas, enroscou-a na toalha da mesa e puxou tudo a baixo: foram os lindos pratos de porcelana bordado à ouro, os talheres de prata, os cristais e o fino vinho. Nada escapara. Saiu o desajeitado amigo correndo com a boca a sangrar e muito envergonhado.
O pai, o rico fazendeiro respirou fundo e disse ao seu amigo pobre:
- eh! compadre tinhas toda razão e escolheste o melhor para seu menino!
Assim viveram todos felizes para sempre, mesmo com as trapalhadas do filho do fazendeiro.

MARIA SABIDA

Os olhinhos atentos das crianças esperavam a hora que Bernardo se juntaria ao grupo para contar histórias. O mais novo se aconchegou em seu colo para ouvi-lo:
"Era uma vez, uma menina muito esperta que morava em uma casinha pobre perto do palácio do príncipe. A menina tinha o nome de Maria e todos a chamavam de Maria sabida por sua esperteza.
Maria gostava de arrumar bem sua casa e enfeitá-la com flores. Olhando os jardins do palácio que ficava ao lado de sua humilda casa teve uma ideia: vou pegar umas flores, elas estão tão lindas e são tantas que não farão falta. Assim Maria pulou o muro e foi colher as rosas que estavam um viço só naquela manhã ensolarada. O que Maria não contava é que o príncipe a tinha visto e escondeu-se atrás das flores para observá-la. Quando Maria pôs a mão para colher uma rosa, o príncipe disfarçando a voz falou: _ quantas folhas tem um cravo com uma rosa? Sua intenção era dá um susto em Maria. Mas qual nada, Maria retrucou: - quantas penas tem um galo e uma galinha? O príncipe que não esperava por isso ficou sem resposta e muito zangado. Maria apanhou suas flores e foi enfeitar sua casa.
O príncipe no entanto ficou pensando em uma maneira de se vingar. Vestiu-se de vendedor de peixes, e passou em frente à casa de Maria.
A mãe de Maria ao ver aqueles peixinhos fresquinhos, não resistiu e apelou à filha:
- minha filha eu não tenho dinheiro, mas sei que se você pedir, aquele bondoso senhor te dará nem que seja três sardinhas para o jantar. Maria mesmo a contra gosto obedeceu a mãe e foi pedir as sardinhas.
O príncipe disfarçado em peixeiro respondeu: - te darei três sardinhas se me deres três beijos. Maria obedeceu e aceitou dar os três beijos em troca das três sardinhas.
No final da semana ela já tinha quase esquecido aquele triste episódio, e foi novamente colher flores no jardim do palácio. O príncipe porém, já a esperava escondido atrás das roseiras com seu plano de vingança. Quando Maria levou a mão para apanhar as rosas ele disse disfarçando a voz: - quantas folhas tem um cravo com uma rosa? Maria mais uma vez retrucou: - quantas penas tem um galo com uma galinha? O príncipe respondeu: - E quem me deu três beijos por causa de três sardinhas?
Maria ficou furiosa, mas não teve resposta e voltou para casa chorando. Passou muitos dias pensando em uma vingança. Logo arquitetou um plano para se vingar do príncipe.
Escreveu um bilhete e colocou na porta do palácio dizendo: - eu sou a morte e daqui a três dias venho te buscar. O príncipe lendo aquele bilhete caiu de cama de tanto medo.
Ao chegar o dia prometido Maria pega o cavalo que o pai usava para puxar carroça, veste um manto todo preto e esconde o rosto com um véu, também preto. Monta o cavalo de frente para trás e leva a foice de seu pai às costas. Devagarinho subiu as escadarias do palácio assim que a noite caiu. O príncipe estava cada vez pior de tanto medo. Maria disfarçando a voz o chama: - chegou tua hora vim para te buscar.
O príncipe apavorado joga-se a seus pés implorando:
- farei tudo que quiseres, mas não me leve ainda sou muito jovem!
Maria com uma voz rouca respondeu: - só há um jeito de não te levar, você tem que dar três beijos no cu do meu cavalo. O príncipe apavorado com medo da morte obedeceu de imediato e nem olhou para trás quando Maria saiu a galope e se escondeu, estava feito, cumprira a primeira parte de sua vingança.
Maria sabida ia levar adiante sua vingança, no fim de semana como sempre fazia, entrou no jardim do palácio para pegar flores.
O príncipe que já havia melhorado e esquecido do susto que levara pensando na morte, a aguardava escondido como sempre atrás das roseiras. Quando Maria levou a mão para pegar as flores ele falou com voz disfarçada:
- quantas folhas tem um cravo com uma rosa? Maria respondeu:
- Quantas penas tem um galo com uma galinha?
O príncipe rindo e disfarçando a voz pergunta novamente:
- quem me deu três beijos por causa de três sardinha? E Maria rindo muito responde:
- quem deu três beijos no cu do cavalo magro de meu pai?
Pegou as flores e saiu correndo e rindo até doer a barriga.
O príncipe ficou furioso, imagine ele um poderoso príncipe ser enganado daquele jeito por uma menina?
Começou então a planejar a mais terrível vingança.
Antes do final da semana, mandou preparar sua melhor roupa, e seu manto cravejado de pedras preciosas e bordado à ouro, não esqueceu o mínimo detalhe até sua coroa de príncipe que era uma das mais belas daquela região.
No fim de semana saiu logo cedo com sua guarda real, seu destino a casa de Maria Sabida.
Ao ver aquela beleza a família da menina ficou maravilhada e todos foram olhar e qual não foi a surpresa quando ao chegar em frente aquela pobre casa, o príncipe fez a guarda parar. Desceu de sua carruagem reluzente de ouro e pediu licença para entrar. Só Maria se escondera tremendo de medo.
O príncipe foi logo adiantando o assunto para a família:
- eu estou aqui para pedir a mão de Maria em casamento.
A mãe não cabia em si de contente, o pai meio desconfiado ainda quis saber porquê entre tantas
mulheres ricas e lindas ele tinha que escolher logo sua menininha. O príncipe no entanto, convenceu os pais de sua boa intenção e marcou o casamento para o mais breve possível.
Só Maria estava triste e com medo, mas sua família nem percebera achando que o que estava acontecendo era muita emoção para a menina.
Com sua tristeza saiu para a beira do rio que ficava próximo à sua casa. Estava chorando de medo, suas lágrimas misturavam-se as águas cristalinas do rio, só ela sabia que o príncipe queria vingança. Distraída, com seus frios pensamentos, não percebeu quando uma velha, com ar bondoso
aproximou-se.
-Menina! Chamou a senhora.
Maria se assusta, mas ao ver aquele rosto tranquilo que transmitia uma paz, um conforto para sua alma inquieta, ficou parada esperando a senhora se aproximar.
- Eu sei o que se passa com você menina! Maria chorou ainda mais. A senhora diz que a vingança que o príncipe estava premeditando era a morte de Maria em seu leito de núpcias.
Mas que não se preocupasse que ela ia ajudar. Pediu para que Maria fizesse uma boneca de pano do seu tamanho e a vestisse com as roupas que usaria na noite de núpcias. No peito da boneca ela encheria com favos de mel.
Tudo que a bondosa senhora falou Maria ouviu e pôs em prática.
Na noite de núpcias, Maria se desculpando que estava cansada, pediu licença, e retirou-se para o quarto mais cedo.
Colocou a boneca na cama, cobriu-a, apagou as luzes e se escondeu debaixo da cama.
O príncipe, pouco depois entra no quarto com um punhal na mão, e com os olhos vermelhos cegos de raiva estava prestes a se vingar. Chega perto da cama e fala com a voz travada pelo gosto amargo da vingança:
- Maria todos me respeitam e você no entanto, zombou de mim, tinha sempre uma resposta pronta. Maria escondida debaixo da cama responde:
- eu não!
O príncipe continua:
- você me fez beijar o cu do cavalo magro de teu pai, isto eu nunca vou te perdoar.
Mais uma vez Maria nega: - eu não!
O príncipe enfim, apunhala o peito da boneca pensando ser Maria, o favo de mel estoura e cai nos lábios do príncipe que se jogara ao chão com uma tristeza sem fim, ainda tendo à mão o punhal. Ele suspira e diz:
- oh Maria Sabida, Maria Sabida, tão doce na morte e amarga na vida!
Maria sai debaixo da cama e pula em seus braços com aquela risada que o príncipe conhecia tão bem.
E assim ele desiste da vingança e foram felizes para sempre.
vingança. Logo arquitetou um plano para se vingar do príncipe. Escreveu um bilhete e colocou na porta do palácio dizendo: - eu sou a morte e daqui a três dias venho te buscar. O príncipe lendo aquele bilhete caiu de cama de tanto medo.
Ao chegar o dia prometido Maria pega o cavalo que o pai usava para puxar carroça, veste um manto todo preto e esconde o rosto com um véu, também preto. Monta o cavalo de frente para trás e leva a foice de seu pai às costas. Devagarinho subiu as escadarias do palácio assim que a noite caiu. O príncipe estava cada vez pior de tanto medo. Maria disfarçando a voz o chama: - chegou tua hora vim para te buscar. O príncipe apavorado joga-se a seus pés implorando: - farei tudo que quiseres, mas não me leve ainda sou muito jovem!
Maria com uma voz rouca respondeu: - só há um jeito de não te levar, você tem que dar três beijos no cu do meu cavalo. O príncipe apavorado com medo da morte obedeceu de imediato e nem olhou para trás quando Maria saiu a galope e se escondeu, estava feito, cumprira a primeira parte de sua vingança.
Maria sabida ia levar adiante sua vingança, no fim de semana como sempre fazia, entrou no jardim do palácio para pegar flores.
O príncipe que já havia melhorado e esquecido do susto que levara pensando na morte, a aguardava escondido como sempre atrás das roseiras. Quando Maria levou a mão para pegar as flores ele falou com voz disfarçada: - quantas folhas tem um cravo com uma rosa?
Maria respondeu: - Quantas penas tem um galo com uma galinha?
O príncipe rindo e disfarçando a voz pergunta novamente: - quem me deu três beijos por causa de três sardinha?
E Maria rindo muito responde: - quem deu três beijos no cu do cavalo magro de meu pai?
Pegou as flores e saiu correndo e rindo até doer a barriga.
O príncipe ficou furioso, imagine ele um poderoso príncipe ser enganado daquele jeito por uma menina!
Começou então a planejar a mais terrível vingança.
Antes do final da semana, mandou preparar sua melhor roupa, e seu manto cravejado de pedras preciosas e bordado à ouro, não esqueceu o mínimo detalhe até sua coroa de príncipe que era uma das mais belas daquela região.
No fim de semana saiu logo cedo com sua guarda real, seu destino a casa de Maria Sabida. Ao ver aquela beleza a família da menina ficou maravilhada e todos foram olhar e qual não foi a surpresa quando ao chegar em frente aquela pobre casa, o príncipe fez a guarda parar. Desceu de sua carruagem reluzente de ouro e pediu licença para entrar. Só Maria se escondera tremendo de medo.
O príncipe foi logo adiantando o assunto para a família: eu estou aqui para pedir a mão de Maria em casamento.
A mãe não cabia em si de contente, o pai meio desconfiado ainda quis saber porquê entre tantas
mulheres ricas e lindas ele tinha que escolher logo sua menininha. O príncipe no entanto, convenceu os pais de sua boa intenção e marcou o casamento para o mais breve possível.
Só Maria estava triste e com medo, mas sua família nem percebera achando que o que estava acontecendo era muita emoção para a menina.
Com sua tristeza saiu para a beira do rio que ficava próximo à sua casa. Estava chorando de medo, suas lágrimas misturavam-se as águas cristalinas do rio, só ela sabia que o príncipe queria vingança. Distraída, com seus frios pensamentos, não percebeu quando uma velha, com ar bondoso aproximou-se.
Menina! Chamou a senhora. Maria se assusta, mas ao ver aquele rosto tranquilo que transmitia uma paz, um conforto para sua alma inquieta, ficou parada esperando a senhora se aproximar.
- Eu sei o que se passa com você menina! Maria chorou ainda mais. A senhora diz que a vingança que o príncipe estava premeditando era a morte de Maria em seu leito de núpcias.
Mas que não se preocupasse que ela ia ajudar. Pediu para que Maria fizesse uma boneca de pano do seu tamanho e a vestisse com as roupas que usaria na noite de núpcias. No peito da boneca ela encheria com favos de mel.
Tudo que a bondosa senhora falou Maria ouviu e pôs em prática.
Na noite de núpcias, Maria se desculpando que estava cansada, pediu licença, e retirou-se para o quarto mais cedo.
Colocou a boneca na cama, cobriu-a, apagou as luzes e se escondeu debaixo da cama.
O príncipe, pouco depois entra no quarto com um punhal na mão, e os olhos vermelhos de quem está prestes a se vingar. Chega perto da cama e fala com a voz travada pelo gosto amargo da vingança: - Maria todos me respeitam e você no entanto, zombou de mim, tinha sempre uma resposta pronta. Maria escondida debaixo da cama responde: - eu não!
O príncipe continua: - você me fez beijar o cu do cavalo magro de teu pai, isto eu nunca vou te perdoar. Mais uma vez Maria nega: - eu não!
O príncipe enfim, apunhala o peito da boneca pensando ser Maria, o favo de mel estoura e cai nos lábios do príncipe que se jogara ao chão com uma tristeza sem fim, ainda tendo à mão o punhal. Ele suspira e diz:
- oh Maria Sabida, Maria Sabida, tão doce na morte e amarga na vida!
Maria sai debaixo da cama e pula em seus braços com aquela risada que o príncipe conhecia tão bem.
E assim ele desiste da vingança e foram felizes para sempre.
Postado por
Lucia Araujo
às
01:18:00
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